DSM-5-TR

DSM-5-TR (3ª sessão) - Psiquiatria Transcultural

Data da Sessão:
19/12/2023
Convidado(a):
Dr. Afonso Gouveia
Hospital:
4º ano (2023)
Formação:
Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo
Ano de Estágio:
Te Whatu Ora Southern (Nova Zelândia)

stágio clínico maioritariamente observacional que versou por múltiplos serviços e equipas multidisciplinares predominantemente sediadas na rede de serviços de saúde mental do distrito do Sul da ilha do Sul, incluindo o serviço de intervenção precoce, serviço de ligação, serviço de juventude, comunidade terapêutica para psicoterapias em regime de internato, serviço de saúde mental Māori e consulta de psiquiatria transcultural (esses dois últimos na ilha do Norte), privilegiando ao máximo o contacto com atividades de saúde mental dirigidas a populações indígenas ou minoritárias, mas também observando às políticas e práticas de 'cultural safety' instaladas nos serviços e profissionais que de um modo ou de outro estão acostumados a lidar com pessoas de etnias diversas ou mistas.

O estágio incluiu também atividades de imersão cultural (Marae), frequência da conferência nacional de psiquiatria neozelandesa e atividades formativas semanais (journal club). Este estágio realizou-se ao lado de múltiplos profissionais de saúde mental, também eles frequentemente oriundos de culturas diferentes da minha, incluindo profissionais ímpares: "cultural workers" e "mental health cultural workers".

O estágio possibilitou o contacto com um sistema de cuidados de saúde mental muitas vezes diferente da portuguesa, onde a identificação cultural, étnica, linguística, religiosa/espiritual e comunitária (incluindo familiar e tribal) assumem proporções de prima determinância, pois acompanham-se de inferiores índices de saúde e bem-estar, i.e., maior morbimortalidade. Neste contexto decorrem ainda fenómenos sociais de importante repercussão na saúde das pessoas, incluindo esforços para a reconciliação e reparação do legado pós-colonial e atentados à cultura indígena.

Outra riqueza deste estágio foi o contacto com o modo como a população não-māori (leia-se anglo-saxónica e euro-descendente) enfrentou e continua a enfrentar esse passado lado-a-lado com a população Māori contemporânea. Se é certo que ainda há muito caminho a percorrer, o caso da Aotearoa Nova Zelândia é laudável face a outros países que, de forma insuficiente ou nula, vêm tratando o seu problemático legado colonialista (Austrália, Canadá, EUA, Holanda, França, Portugal...).

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